segunda-feira, 30 de março de 2009

Campos minha cidade, meu amor


Terra de muitos donos, terra do gado do vento, terra de ninguém

Não é de hoje que estas planícies dos Campos dos índios Goitacaz são alvo da cobiça desenfreada dos que por aqui passaram ou se estabeleceram. Do genocídio dos nativos goitacaz a ocupação dos ditos donatários (posseiros de terras alheias) os Assecas. Da criação e usurpação do gado do vento (gado solto pelas pastagens da baixada campista que eram demarcados por quem bem o quisessem, mediante o pagamento de taxas a coroa). Tempos que Campos era terra de ninguém, mais com muitos donos.
Pelos idos de 1677, quando fazendeiros de cana de açúcar, criadores de gado, juntamente com os ambiciosos religiosos (Beneditinos e Jesuítas), homens poderosos, que ditavam à mão-de-ferro a vida dos que aqui habitavam, movimentações vindas de além mar colocavam em risco suas terras e com elas o poder constituído. Era Salvador Correa de Sá e Benevides que reclamava estas terras junto a coroa portuguesa para seus filhos e, assim iniciava-se o ciclo tenebroso dos Viscondes dos Assecas.
Era 29 de maio deste ano do Senhor, quando aos gritos o temido Capitão Francisco Gomes Ribeiro desafiava a qualquer homem ou mulher a contestar a legitimação dos Assecas como donos da Capitania do Rio Paraíba do Sul, tendo por testemunha a pequena e modesta igreja de palha de São Francisco de Assis. O silêncio engolido a seco foi a resposta do povo destes Campos.
Até para saber quem iria ensinar o Pai Nosso era motivo de batalha, assim frades da Ordem de São Bento entrariam em confronto direto com os padres da Companhia de Jesus para decidir numa peleja quem salvaria as pobres almas deste povo sem alma.
Para azeitar os ânimos por aqui a coroa lusitana decide inventar mais impostos contra os campistas, assim surgem os primeiros contornos do conflito entre criadores de gado e fazendeiros plantadores de cana. O escritor Osório Peixoto relata em seu livro que “a luta pela pose da terra tinge de sangue o solo goitacaz. Todos brigam com todos, beneditinos com jesuítas, Assecas com posseiros e moradores, criadores com fazendeiros(...)”
Período que entra em cena a força de uma família, que entre mais controvérsias marca definitivamente o movimento capaz de combater a tirania dos Assecas. Benta Pereira e os seus combatem o bom combate e, mesmo na defesa daquilo que seria seus interesses, resiste e põe fim a séculos de dominação dos Assecas sob o povo das planícies goitacaz.
A história tem nos mostrado claramente que nada foi fácil para estas terras e para este povo e, mesmo hoje quando um novo século se faz presente, muitas batalhas ainda precisam ser travadas para que possamos receber a coroa da vitória. Como antes é necessário que tenhamos um sentimento de pertencimento pela nossa cidade. Amor incondicional pelo que ela representa e respeito pelos seus valores. Campos minha cidade, meu amor deverá ser mais do que um slogan, uma frase de efeito. Campos minha cidade meu amor deverá ser um sentimento capaz de transpor barreiras, vencer limites e construir uma nova história. A história dos Campos dos Goitacazes. Pense nisso e uma semana de paz, progresso e evolução a todos.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Animadores Culturais participam da Vacinação Poética


Animadores Culturais da Secretaria Municipal de Educação de Campos participam do projeto Vacinação Poética junto com o pessoal do Departamento de Literatura da Fundação Cultural Jornslista Oswaldo Lima. Primeira comunidade imunizada pela poesia foi Custodópolis (Guarus) dia 12, dia 13 será a vez de Travessão de Campos e no sábado (14), Dia Nacional da Poesia os vacinadores farão uma campanha no Mercado Municipal e no Boulevard de Paula Carneiro, com a participação do Cordel das Festas Populares. Apresentação do cordel será às 11:30. Vale confirmar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Campos, minha cidade meu amor

Terra dos Gitacaz-guaçu, Gitacaz-mopi e Goitacaz-jacoritó

Há quem diga que Campos dos Goytacazes foi fundada quando o primeiro curral surgiu lá pelas bandas de Campo Limpo, outros consideram data de importância histórica quando estas terras foram elevadas a condição de vila e assim poder ganhar igrejas, cadeia pública e a câmara dos vereadores.
Fato é que Campos sempre este no foco dos grandes acontecimentos do Brasil colônia, império e recém republicano. De certo foram os primeiros caminhos traçados pelos cascos da boiada transportada de um canto a outro é que permitiram o traçado do que hoje chamaríamos de plano viário.
Das primeiras engenhocas de produção de aguardente e de cana de açúcar tornou-se possível fixar morada em terras até então povoadas tão somente pelos nativos aqui conhecidos como Goitacaz. O poeta e escritor Osório Peixoto relata em seu livro 500 anos dos Campos dos Goytacazes (2004) que o índio goitacaz era o senhor absoluto das terras da Capitania de São Tomé.
Significado para o nome destes nativos também era assunto controverso, alguns pesquisadores como Porto Seguro afirmava ser sua tradução Índios Corredores, para o Doutor Bezerra de Menezes Índios Nadadores e, uma versão mais moderna sugere que Goitacaz significa guaiamum (caranguejo grande comedor de gente). Talvez seja um pouco de tudo isso, por se tratar de seres dotados de uma força extraordinária, de estatura agigantada e membruda, como afirmava o escritor lusitano Simão de Vasconcelos.
Donos de uma grande nação, os goitacaz se subdividiam em três grupos étnicos, os goitacaz-guaçu, goitacaz-mopi e os goitacaz-jacoritó, habitantes destas planícies, de terras alagadiças, férteis e abundantes. Terras que despertariam a cobiça desenfreada de seus colonizadores.
Sua extinção também é alvo de controvérsias históricas, pois alguns pesquisadores afirmam que a Nação Goitacaz fora extinta por conta do contato direto com peças e utensílios infectados colocados propositalmente para que todos adoecessem (o que seria considerado hoje como a primeira guerra bacteriológica de nossa historia), mas Osório relata em seu livro que os índios foram vitimados covardemente após serem mentirosamente denunciados junto à coroa portuguesa instalada no Rio de Janeiro de terem dado cabo da tripulação de um navio que teria naufragado no Cabo de São Tomé.
Sem que muitos vestígios ficassem para preencher as lacunas da memória coletiva, vamos cada um a sua maneira contando causos, revestidos de narrativas poéticas e muito das crendices populares. Hoje nosso principal ancestral quase não aparece nos livros escolares, ou mesmo nas contações de histórias. Nossas homenagens se resumem a estátuas mal faladas ou enredos carnavalescos que dão conta de serem estes homens-canibais.
A sua moda, estes guerreiros resistiram até quando puderam, e se tiveram que devorar seus inimigos, o fez com a crença de que imolando seus adversários estavam assim recebendo as forças espirituais de cada um deles, uma maneira primitiva até mesmo de reverenciar seus mortos em batalha.
E talvez, somente talvez ainda existam perdidos por entre os brejos, lagoas e verdes planícies belos índios e índias, com seus arcos e flechas, caçando, cantando, vivendo, povoando o imaginário de nosso povo campista. Façamos como nossos guerreiros e resistamos o quanto pudermos e, se na batalha sairmos vitoriosos, que saibamos reverenciar os abatidos, mas não podemos perder nunca o poder de nos indignarmos. Pense nisso e uma semana de paz, progresso e evolução para todos.

Oswaldo Lima se prepara para o centenário de Burle Marx

Campos poderá ser incluída no roteiro de cidades a receberem projetos paisagísticos de Burle Marx, em comemoração ao seu centenário de nascimento. Numa visita técnica o presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Avelino Ferreira, acompanhado de sua vice-presidente Ademilde Pacheco e o Diretor do Departamento de Eventos Rodrigo Espinosa estiveram no Rio de Janeiro, o escritório responsável pelas obras do paisagista para tratarem dos detalhes que poderão incluir Campos nas comemorações. É a cultura se movimentando para todas as direções.